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Por Dra. Eloá Miranda
Texto escrito em 20 de junho de 2023

A apnéia obstrutiva do sono

A apnéia obstrutiva do sono (AOS) é uma doença respiratória relacionada ao sono e muito prevalente, podendo afetar até 30% da população brasileira. 

Quando dormimos, o corpo relaxa e há redução da atividade de músculos que promovem a abertura da nossa via aérea. Em alguns indivíduos, isto é suficiente para estreitar a passagem do ar a ponto de causar hipopneias (obstrução parcial ao fluxo de ar) ou apnéias (obstrução total). Estes eventos levam a uma ativação do sistema nervoso simpático (aquele que libera adrenalina) e logo o organismo percebe que deve respirar novamente.

Como consequência, os sintomas mais comuns são: roncos, sono perturbado, dores de cabeça, sonolência excessiva durante o dia e fadiga. É comum que os companheiros relatem apneias noturnas de seus parceiros.

 A AOS contribui para a hipertensão sistêmica por meio de hiperativação simpática, é considerada fator independente de risco para doenças cardiovasculares e acidente vascular encefálico isquêmico e ainda pode estar associada a comprometimento cognitivo.

Os fatores risco mais conhecidos para AOS são: obesidade, alterações anatômicas, como o aumento das amigdalas, e idade avançada. Porém ela pode acontecer em pacientes de qualquer faixa etária, inclusive crianças. De maneira geral, os homens são mais afetados do que as mulheres, sendo que nas mulheres a prevalência é maior na pós-menopausa.

O diagnóstico é realizado através da Polissonografia. É este o exame que vai diferenciar aqueles que roncam daqueles que também apresentam AOS. Com ele também podemos classificar a doença em leve, moderada e grave e assim indicar o acompanhamento e o tratamento mais adequado para cada caso.

O tratamento dos roncos e da AOS deve ser sempre individualizado. Muitas vezes, o paciente vai necessitar de mais que uma intervenção e de diferentes profissionais para ajudá-lo. Aqui estão alguns possíveis tratamentos: fisioterapia, emagrecimento, cirurgias, aparelhos intra-orais e aparelhos de pressão positiva (CPAP). É importante que o paciente entenda sua condição clínica e tenha uma boa relação com seu médico, para seja tratado adequadamente e que tenha melhora de sua qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

  1. Senaratna CV, et al. Prevalence of obstructive sleep apnea in the general population: A systematic review. Sleep Med Rev. 2017; 34:70-81.
  2. Gambino, F., Zammuto, M.M., Virzì, A. et al. Treatment options in obstructive sleep apnea. Intern Emerg Med 2022; 17: 971–978 . https://doi.org/10.1007/s11739-022-02983-1
  3. Duarte RLM, Togeiro SMGP, Palombini LO, Rizzatti FPG, Fagondes SC, Magalhães-da-Silveiraa FJ, et al. Brazilian Thoracic Association Consensus on Sleep-disordered Breathing. J Bras Pneumol. 2022; 48(4):e20220106
  4. Zancanella E, et al. Apneia obstrutiva do sono e ronco primário: diagnóstico. Braz J Otorhinolaryngol. 2014; 80(1 Supl. 1):S1-S16